12 junho 2010

Sexo: você está preparado?

 

Alguém que inicia a vida sexual precocemente, sem ter convicção e conhecimentos necessários para isso, pode carregar consigo um sentimento de culpa e baixa autoestima

Por Carlos Gutemberg

Grande parte das pessoas costuma associar assuntos ligados à sexualidade apenas ao ato sexual e à reprodução humana. No entanto, o sexo é muito mais abrangente do que isso, e pode ser definido como uma forma de expressão e uma maneira que cada indivíduo tem para se conhecer e descobrir o seu parceiro.

A ideia de que o sexo tinha uma finalidade meramente reprodutiva vigorou com bastante força nas sociedades até o final do século 19. Sigmund Freud – considerado o pai da psicanálise – procurou derrubar esse conceito, ao afirmar que o sexo não tinha somente a função de procriação, pois ia além dos órgãos sexuais.

Várias questões estão direta ou indiretamente atreladas à sexualidade e precisam ser bem observadas antes de se iniciar uma vida sexual, como: as alterações físicas e psicológicas ao longo da vida; o conhecimento anatômico e fisiológico do homem e da mulher; a higiene sexual; a gravidez, a maternidade e a paternidade; os métodos contraceptivos; as doenças sexualmente transmissíveis (DSTs); além dos transtornos sexuais, por exemplo.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a sexualidade como uma necessidade básica e um aspecto do ser humano que não pode ser separado de outros aspectos da vida. Ela influencia pensamentos, sentimentos, ações e integrações e, consequentemente, a própria saúde física e mental. Dessa forma, a entidade avalia que uma vida sexual saudável também deve ser considerada um direito comum a todos.

Sexo com responsabilidade

Vivemos em mundo muito liberal com relação ao comportamento sexual, hoje em dia. Todavia, é preciso aprender a lidar com essa liberdade, sabendo tomar decisões de modo que elas não tragam consequências, por vezes, irreparáveis como afirma a especialista em sexualidade humana, Maria Helena Vilela, diretora do Instituto Kaplan, que desenvolve metodologias para educação sexual. "Antes de ter a primeira relação é importante listar os prós e os contras de se fazer isso naquele momento", diz ela. 

Maria Helena acredita ser importante para os jovens ter com quem conversar sobre esse assunto, para tirar dúvidas, trocar ideias e se aconselhar, buscando ajuda para tomar decisões assertivas. "Quando alguém decide fazer algo sem ter convicção, há uma probabilidade enorme de carregar consigo um sentimento de culpa, por achar que não fez a coisa certa. Isso pode criar na pessoa uma situação de baixa autoestima", alerta.   

De acordo com a especialista, a pessoa que não está pronta para ter uma relação sexual, não tendo os conhecimentos necessários para isso, torna-se vulnerável a contrair doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), engravidar de forma indesejada, e ainda pode realizar práticas sexuais com as quais não concorda. "Alguém despreparado fica totalmente nas mãos do parceiro, já que quem irá controlar a situação será aquele que é mais seguro e sabe o que quer da relação", pontua Maria Helena.

Atualmente, não existe, por parte da sociedade, um controle sobre o comportamento sexual dos jovens, como lembra Maria Helena, "As circunstância favorecem as relações casuais. Se um casal está em uma festa, sem a presença de adultos ou responsáveis, trocando beijos e carícias, inevitavelmente o desejo sexual irá surgir".

Essa falta de controle é prejudicial, na opinião da especialista, pelo fato de os jovens não estarem sendo preparados para lidar com essa liberdade. "A preparação deveria começar dentro de casa, com os pais conversando abertamente com os filhos sobre essas questões. É preciso aprender e aceitar a ideia de que os filhos terão desejos sexuais. No entanto, tem sido mais fácil culpá-los quando há consequências ruins decorrentes dessas relações."

Não existe uma idade adequada para abordar esse tipo de assunto com os filhos, segundo Maria Helena. "Ao surgirem os questionamentos, os pais devem procurar esclarecer. Caso o filho não pergunte nada sobre o assunto, mas se perceba a necessidade de falar com ele sobre isso, o pai ou mãe pode contar uma história de sua vida, ou buscar saber como esses assuntos são tratados entre os amigos dos filhos, por exemplo", orienta.

A escola também pode ajudar nesse processo, realizando trabalhos de orientação sexual em sala de aula. O projeto chamado "Vale Sonhar", desenvolvido pelo Instituo Kaplan, destinado à prevenção da gravidez na adolescência, foi implantado em toda a rede estadual de ensino médio dos estados de São Paulo, Alagoas e Espírito Santo. Nos colégios que participam da campanha, foi constatada uma redução em torno de 50% no número de casos deste tipo.

"Isso demonstra que se houver um espaço onde o jovem possa conversar, aprender e vivenciar situações que possam ajudá-lo a fazer uma escolha positiva, certamente será possível amenizar as consequências negativas decorrentes do inicio da vida sexual precocemente", conclui Maria Helena.

 

 

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