17 junho 2010

Osteoporose: perigo silencioso


A osteoporose fragiliza os ossos e pode causar inúmeros problemas na terceira idade. Mas o combate a este mal pode começar ainda na juventude.
Por Marcelo Cypriano
 

Melisa Moreira Madureira é fisioterapeuta, mestre e doutora em Ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). É responsável pelo Grupo de Reabilitação da Liga de Osteoporose da disciplina de Reumatologia do Hospital das Clínicas-FMUSP. Em entrevista ao Arca Universal, a especialista fala da osteoporose, um mal que assola 10 milhões de brasileiros – três em cada quatro doentes são do sexo feminino, sendo que uma em cada três mulheres acima dos 50 anos têm a doença.
 
Para descrever a osteoporose e como ela acontece, Melisa fala não só da doença, mas de como nossa estrutura óssea funciona e do tratamento:
 
A osteoporose é uma doença silenciosa, caracterizada pela perda de massa óssea e deterioração do tecido ósseo, podendo provocar dolorosas fraturas. Em geral, é percebida tardiamente, quando ocorre uma fratura. Ainda que a doença seja mais comum na mulher após a menopausa, o homem também deve estar atento.
 
Nossos ossos começam a se formar ao nascermos. O pico de massa óssea se dá na adolescência e se completa na fase adulta, por volta dos 30 anos de idade. A formação adequada diminui os riscos e as complicações da doença após os 60 ou 70 anos. Daí a importância da ingestão adequada de cálcio (leite e seus derivados) em todas as fases da vida.
 
Diversos são os fatores que determinam a diminuição da massa óssea e aumentam o risco de desenvolvimento da doença, entre eles: deficiência hormonal, idade, ingestão inadequada de cálcio, deficiência de vitamina D, abuso de álcool, tabagismo, vida sedentária, etc. As mulheres de pele clara e constituição frágil também estão em maior risco, bem como quando já houve na família casos de osteoporose.
 
Segundo Melisa, vale lembrar que alguns medicamentos e algumas doenças podem determinar a chamada Osteoporose secundária.
 
Fraturas mais comuns
Os ossos do corpo ficam mais frágeis com a osteoporose, o que aumenta a possibilidade de se quebrarem ao mínimo esforço. "É comum uma senhora com a doença achar que fraturou só porque sofreu um tombo, e, não raras vezes, a queda ocorreu porque algum osso, poroso com a osteoporose, quebrou. As fraturas mais comuns acontecem na coluna, no fêmur, nas costelas e nos punhos. Elas podem provocar incapacidade física e, em determinados casos, até levar à morte", esclarece a fisioterapeuta.
 
Diagnóstico precoce
"Um dos grandes desafios a enfrentarmos é o diagnóstico precoce da doença", observa Melisa. Na maioria das vezes, uma pessoa só fica sabendo que tem osteoporose quando há fratura. "Por isso, é fundamental a consulta regular ao médico após os 40 anos", orienta, e completa: "Além da avaliação do histórico do paciente e dos fatores de risco e sinais, como a curvatura da coluna e a chamada "corcunda" causada pelas microfraturas das vértebras da coluna, pode ser aplicado um exame denominado densitometria óssea, utilizado tanto para o diagnóstico quanto para o controle do tratamento da osteoporose."
 
Tratamentos
"Quanto às abordagens para tratar a doença, são variadas e devem sempre ser prescritas e acompanhadas pelo médico", diz a especialista.
 
Ainda não há cura para a Osteoporose, mas com tratamento adequado é possível controlar a doença e promover a boa qualidade de vida do paciente. Os objetivos do tratamento são diminuir a dor, bloquear a perda óssea e, se possível, aumentar a quantidade de massa óssea. Para isso há várias possibilidades de medicamentos.
 
Melisa também diz que as mudanças dos hábitos de vida são determinantes no tratamento: "não fumar, evitar excesso de álcool, ingerir a quantidade de cálcio adequada para o seu caso, praticar atividade física com orientação profissional – que pode ajudar, inclusive, a prevenir as quedas que tanto atemorizam os portadores de osteoporose."
 
Melisa Madureira tece outras considerações e recomendações não somente sobre os riscos mas sobre a prevenção da osteoporose:
 
1) Perda óssea e risco de fratura após redução da atividade física.
Um grupo de médicos norte-americanos avaliou atletas jovens do sexo masculino para verificar o que acontecia com sua massa óssea após a interrupção da atividade física. Verificaram, com surpresa, que apesar de os jovens não mais se exercitarem, ainda tinham massa óssea mais alta do que os não atletas, mesmo após 4 anos da interrupção da atividade esportiva. Além disso, os ex-atletas apresentavam menor quantidade de fraturas do que aqueles que nunca tinham sido atletas. Isto fez com que os médicos concluíssem que esta massa óssea mais alta, encontrada nos ex-atletas de 60 anos ou mais, era provavelmente a responsável pela menor quantidade de fraturas. Portanto, apesar de sabermos que a atividade física deve ser feita durante toda a vida para a manutenção da massa óssea, é bom concluirmos que os exercícios feitos no passado garantem um futuro com menos fraturas. Devemos estimular nossas crianças a se exercitarem para fazer o máximo de osso possível, para maior proteção contra as fraturas no futuro.
 
2) Exercícios
Mulheres que fazem mais exercício têm menor risco de sofrer uma fratura do quadril do que mulheres sedentárias. Isto pode ser explicado pelo efeito da atividade física, aumentando a massa óssea, com mais resistência ao impacto no caso de quedas. As caminhadas são atividades de carga, possíveis de serem realizadas durante praticamente a vida inteira. Têm a vantagem de não exigir equipamentos especiais. Podem ser feitas em qualquer local e não é necessário treinamento.
 
3) Atividade física em mulheres idosas
Algumas mulheres, moradoras de casas para idosos, foram escolhidas em uma pesquisa para fazer caminhadas, enquanto outras continuariam sedentárias. A massa óssea de todas as mulheres foi medida no início do programa. Após 4 anos, os exames de densitometria foram repetidos. Os resultados mostraram o que já se imaginava: as mulheres que faziam caminhadas tinham melhor massa óssea do que as que não faziam nenhuma atividade física. É ótimo saber que mesmo exercícios leves e fáceis de fazer, como simples caminhadas, têm o poder de melhorar a massa óssea. Outra conclusão animadora é que mesmo pessoas fragilizadas pela idade conseguem melhorar sua massa óssea. Sempre existe benefício com a atividade física, qualquer que seja o grau de limitação e fragilidade. É importante lembrar: para "fazer" bons ossos é preciso, além da atividade física, ter uma dieta rica em cálcio.
 
5) Orientação
Depois da consolidação de uma fratura, pode ser muito útil receber informações sobre exercícios para fortalecer os músculos das costas, bem como sobre cuidados com a coluna para evitar novas fraturas. Exercícios suaves para as costas podem melhorar a postura e a dor. Exercícios de equilíbrio também podem ajudar a evitar novas fraturas, porque evitam as quedas.
 
6) Exercícios específicos
O esqueleto responde melhor às atividades de carga (musculação) do que aos exercícios sem carga, como natação e bicicleta. A caminhada tem sido recomendada para quem tem osteoporose. Apesar de não ser o melhor exercício para formar massa óssea, esta atividade pode ser facilmente incorporada à rotina. Andar não exige nenhum equipamento especial. É importante usar um bom calçado, que não machuque os pés, seja confortável e ajude a evitar quedas. Não se deve andar com o sol muito forte. Mesmo em temperatura amena, é bom usar chapéu ou boné para proteger o rosto do sol. Também não devemos andar nem com o estômago muito cheio, nem em jejum completo. É sempre bom beber água após a caminhada. Em dias muito quentes, devemos dar intervalos à caminhada para nos hidratarmos.
 
7) Resposta dos ossos à força mecânica
Vários estudos têm mostrado a importância da sobrecarga mecânica sobre os ossos. Quando se tira a ação dos músculos, ocorre uma rápida perda da massa óssea. Assim que voltamos a fazer tensão sobre os ossos, esta massa óssea se restabelece. Os ossos respondem melhor aos exercícios de grande intensidade e menor frequência. Um exemplo disso são os exercícios feitos por halterofilistas. Eles fazem poucas repetições com muito peso e são, na verdade, os atletas com mais massa óssea. É claro que existe um peso adequado para cada indivíduo. Importante: homens ou mulheres que já têm osteoporose precisam de cuidados e ótima orientação para fazer exercícios com pesos. Pessoas que ficam totalmente acamadas por longos períodos têm perda de sua massa óssea. No entanto, até pequenas caminhadas são capazes de diminuir esta perda.
 
8) Prevenindo quedas
Os fatores de risco para quedas de pessoas idosas incluem:
 
- uso de sedativos;
 
- queda anterior;
 
- dificuldade de compreensão;
 
- alterações visuais;
 
- dores ou deformidades nos pés;
 
- alterações de equilíbrio ou de coordenação.
 
É importante observar alguns cuidados em casa:
 
- manter sempre uma luz acesa à noite;
 
- colocar barras de apoio nos banheiros ou em corredores compridos;
 
- evitar tapetes soltos;
 
- deixar sempre a casa em ordem para evitar objetos fora do local;
 
- tomar muito cuidado com fios soltos ou compridos de telefones ou eletrodomésticos;
 
- usar calçados que não escorreguem;
 
- usar bengala se o equilíbrio estiver ruim;
 
- usar óculos para melhorar a capacidade de enxergar;
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